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TUDO SOBRE CORTIÇA
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Cortiça
O que é a Cortiça?
A cortiça é um material cujas aplicações são conhecidas desde a Antiguidade (Fenícios e Gregos), sobretudo como artefacto flutuante e como vedante, cujo mercado, a partir do início do século XX, teve uma enorme expansão, nomeadamente face ao desenvolvimento de aglomerados diversos à base de cortiça. A cortiça natural é a camada suberosa do sobreiro (Quercus suber L.), constituindo o revestimento do seu tronco e ramos.
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Cortiça
Estrutura
A cortiça apresenta uma estrutura alveolar ou celular. Composição Química: A cortiça é composta sobretudo por Suberina, Lenhina, Polissacáridos, Ceróides e Taninos.
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Cortiça
Propriedades
Estas características fazem com que a cortiça seja leve, elástica, praticamente impermeável a líquidos e gases, excelente isolante térmico e acústico e possui uma grande resistência ao fogo.
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Cortiça
Cortiça Expandida
O aglomerado de cortiça expandida, vulgarmente conhecido por aglomerado negro de cortiça, é um produto 100% natural em que a aglutinação dos grânulos da matéria-prima se efectua exclusivamente em consequência da expansão volumétrica e da exsudação das resinas naturais da cortiça, por acção da temperatura transmitida por um fluido térmico (vapor de água). É assim produzido um aglomerado em cuja constituição não se utilizam quaisquer colas, tintas ou aditivos, sendo unicamente constituído por cortiça, razão pela qual também se designa por aglomerado puro de cortiça. Internacionalmente e em documentação técnica actual o aglomerado de cortiça expandida é referenciado pela sigla ICB, da denominação inglesa Insulation Cork Board. A matéria-prima utilizada é a falca, tipo de cortiça proveniente das podas (esgalhas) cíclicas dos sobreiros. Esta cortiça depois de extraída dos ramos é triturada e limpa de impurezas – terras, pedras, pó de cortiça, entrecasco e madeiras, sendo estes três últimos retriturados e utilizados como biomassa. Esta biomassa é utilizada para a produção de vapor de água a 400ºC. Com o granulado, depois de triturado e limpo, é cheio um autoclave o qual vai ser atravessado pelo vapor de água, injectado numa corrente ascendente. Esta corrente de vapor a alta temperatura, provoca a expansão dos grãos, a libertação das resinas internas no grão, formando-se um bloco paralelepipédico de ICB, funcionando o próprio autoclave como molde. Após o completo arrefecimento e a estabilização dimensional, seguem-se as fases de corte e de acabamento, em que os blocos são seccionados em placas e é acertada a esquadria. Seguidamente seguem directamente para o isolamento ou, para a secção do design.
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Cortiça
Como surgiu?
O aglomerado negro de cortiça foi descoberto acidentalmente em 1891, pelo fabricante americano de coletes salva-vidas John Smith, de Nova Iorque, cujo fabrico patenteou (patente nº 484345) em Outubro de 1892. Como era vulgar nesses tempos, esses salva-vidas eram feitos com coletes de lona cheios de granulado de cortiça, em tubos ou cilíndricos metálicos, de modo a manter a lona estendida, até se acabar o enchimento. Uma noite um desses cilindros ficou esquecido e cheio de granulado, por acidente, rolou para uma caldeira. Na manhã seguinte, John Smith, o proprietário, ao limpar a fornalha, descobriu que o calor não tinha consumido a cortiça no interior do tubo, mas sim tinha transformado o grânulo numa massa cilíndrica castanha escura perfeitamente agregada.
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Cortiça
Montado de Sobro
O Sobreiro é uma árvore autóctone da família do carvalho, plantada no sul da Europa e a partir da qual se extrai a cortiça. É devido à cortiça que o sobreiro tem sido valorizado desde tempos remotos. A extração da cortiça não é prejudicial à árvore, uma vez que esta volta a produzir uma nova camada de “casca” (Súber), retirada em intervalos de 9 anos.
O Sobreiro é uma espécie florestal autóctone que se distribui pela zona ocidental da região Mediterrânea, onde se faz sentir a influência Atlântica, a qual é essencial em termos climáticos para diminuir as elevadas amplitudes térmicas e a secura característica do clima mediterrâneo.
Estas características ocorrem em Portugal, pelo que é no nosso País onde se encontra um óptimo sistema ecológico para o desenvolvimento do Sobreiro que se encontra distribuído por todo o território continental nacional, com particular incidência nas zonas Centro e Sul do país.
Os sobreiros nascem em povoamentos a que se dá o nome de montado de sobro, um ecossistema muito importante tanto em termos ambientais como em termos socioeconómicos.
No reinado de D. Dinis aparecem, nas cartas de criação das coutadas, medidas com o objectivo de proteger o sobreiro e a azinheira, que proíbem e punem práticas já na altura consideradas maléficas: caso das queimadas, do varejamento indiscriminado do fruto, da colheita abundante de rama verde para alimentação do gado e sobretudo cortes indevidos.
O Sobreiro é desde o final do ano 2011 a árvore nacional de Portugal, sendo protegida por legislação devido ao seu interesse socioeconómico.
Portugal é o maior produtor mundial de cortiça – Em apenas 8% do território nacional produz-se mais de 50% da cortiça a nível mundial. (quercus.pt)
A cortiça é a matéria-prima de uma actividade industrial, que transforma cerca de 70% do total produzido a nível global pela indústria corticeira, situação que faz do nosso país líder no sector.
A exportação de produtos em cortiça representa cerca de 3% do total das exportações nacionais e ronda os 900 milhões de euros anuais, o que faz de Portugal o maior exportador de produtos de cortiça.
A gestão dos montados de sobro gera também importantes rendimentos ao nível local e no interior do país permitindo manter emprego e o equilíbrio rural entre a natureza e a população.
Para além da exploração da cortiça, destacam-se a criação de espécies autóctones produtoras de carne de qualidade e leite que são a base de indústrias agro-alimentares de importância regional e local, a apicultura, a recolha de cogumelos, a exploração de actividades culturais e turísticas relacionadas com a natureza. Todos estas são razões para a defesa do montado de sobro.
Em termos ambientais os montados de sobro, desempenham funções importantes na conservação do solo, na regularização do ciclo hidrológico, na qualidade da água, na produção de oxigénio e consequentemente do sequestro de carbono na atmosfera. Em termos de biodiversidade o montado de sobro é um ecossistema muito rico que já foi alvo de estudo sobre a conservação da natureza a nível nacional e internacional.
Só em termos de avifauna, existem nos montados mais de 120 espécies, algumas delas com estatuto vulnerável ou ameaçadas de extinção como a Águia de Bonelli ou a Águia Imperial.
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Cortiça
Sustentabilidade
Ao utilizar cortiça em sua casa, está a defender o planeta, porque para além de ser um produto 100 % natural, está a defender o produto em comparação a outros materiais que são mais prejudiciais para o meio ambiente e que não têm as mesmas características da cortiça a nível de isolamento. Ao utilizar o aglomerado de cortiça está a marcar uma posição, como um ser humano preocupado com o meio ambiente e que deseja o melhor do melhor para o isolamento da sua habitação ou espaço comercial.
A produção do aglomerado de cortiça expandida utiliza apenas vapor de água sobreaquecido, recorrendo a uma caldeira de vapor alimentada com os próprios resíduos da trituração e dos acabamentos, não se introduzindo quaisquer outros produtos que não exclusivamente a cortiça. A aglomeração dos grânulos é feita através das resinas da própria cortiça, sendo este produto 100% natural e ecológico.
O facto de se utilizar produtos de cortiça é muito importante do ponto de vista energético, porque para além da energia consumida em casa ser menor, está a utilizar um produto renovável de longa duração, promovendo a fixação do Dióxido de Carbono.
No final do período de utilização, muitas vezes imposto pelo fim de vida útil do próprio edifício ou obra, quando seja viável a recolha integral das placas de aglomerado de cortiça expandida, estas podem vir a ser reutilizadas em aplicações idênticas, uma vez que em recolhas de edifícios com mais de 50 anos mostraram que após esse período de tempo, o aspecto e as propriedades essenciais das placas de aglomerado de cortiça se mantêm inalteradas.
No caso em que tal não seja possível promove-se a sua trituração, obtendo-se um regranulado que tal como os regranulados limpos se destina a novas aplicações em isolamento térmico e acústico ou a ser utilizado como inerte para o fabrico de betões e argamassas leves.